Entenda por que cavalo Crioulo é avaliado em R$ 22 milhões e bate recorde da raça

O que leva um cavalo a ser estimado em cifras milionárias? Jacinto Cala Bassa-TE reúne uma combinação de fatores – de genética a resultados – que explicam por que o garanhão foi avaliado em R$ 22 milhões, durante a 47ª Expointer, e se tornou o animal mais valorizado da raça Crioula. O recorde até então era de JLS Hermoso, estimado em R$ 16 milhões.

Filho de AS Malke Sedutor-TE e Dinastia Cala Bassa, dois grandes campeões da Morfologia da Expointer e da FICCC (Federação Internacional de Criadores de Cavalos Crioulos), Jacinto seguiu os passos de seus progenitores e foi premiado por três vezes entre os melhores da Expointer: Reservado Grande Campeão em 2020, Terceiro Melhor Macho em 2022 e novamente Terceiro Melhor Macho em 2023.

Após essa carreira morfológica bem-sucedida, o garanhão estreou neste ano nas pistas funcionais da raça Crioula, já no topo do pódio. Sagrou-se o campeão do Bocal de Ouro (classificatória ao Freio de Ouro que reúne somente animais inéditos na competição), montado pelo seu próprio criador, Marcelo Rezende Moglia, da Cabanha Cala Bassa, de Aceguá (RS). Historicamente, os exemplares que compõem o pódio do Bocal de Ouro tornam-se favoritos também ao Freio de Ouro.

“A gente sabe da importância desse cavalo, um indivíduo importante em nível de raça e que reúne tudo aquilo que buscamos: morfologia, função e temperamento excepcional. E, por ter sido um dos mais pontuados do ciclo do Freio, decidimos disponibilizar essa genética em plena disputa final”, afirmou Moglia.

Jacinto Cala Bassa-TE teve destaque absoluto do Leilão Emoções, que lotou o Tattersall de Negócios do Cavalo Crioulo, no Parque Assis Brasil, em Esteio, na noite de 29 de agosto – dois dias antes da finalíssima do Freio de Ouro, quando ele conquistaria mais um título: o Freio de Bronze 2024. Duas cotas de 2,5% do cavalo, totalizando 5%, foram arrematadas por R$ 1,1 milhão por um mesmo criador: Mariano Lemanski, da Cabanha São Rafael, de Balsa Nova (PR). 

Mas Jacinto não foi o único que brilhou na noite de negócios, promovida por três das mais premiadas cabanhas da atualidade: Cala Bassa, Gap São Pedro e Paraíso Belle. A Grande Campeã e Melhor Exemplar da Raça na Expointer 2024, Pacita Cala Bassa, entrou em pista como extra-catálogo e foi comercializada por R$ 1 milhão, para o Haras e Cabanha La Virgínia, de Portão (RS). “Eu tive uma oferta para que ela entrasse em pista, de um amigo da família e novo criador da raça, e achei muito importante naquela hora dizer um sim”, salientou Marcelo Moglia.

A égua Belle Reserva, atual Reservada Grande Campeã da Expointer, Terceira Melhor Fêmea em 2023 e ainda Quarta Melhor Fêmea da FICCC 2023, esteve entre as estrelas da noite. Um embrião dela, fruto do acasalamento com AS Malke Sedutor-TE, foi arrematado também pelo Haras e Cabanha La Virgínia, pela cifra de R$ 200 mil. “O maior orgulho de um criador é projetar um animal, conseguir reproduzi-lo, que é o caso da nossa grande Reserva, e ainda por cima poder proporcionar isso a outros criadores. Ver nossa marca dar resultados não só para nós, mas para outras pessoas também”, ressaltou Elizabeth Lemanski, da Fazenda Paraíso Belle, de Balsa Nova (PR).

Entre os lotes mais disputados do pregão, estava Amanda de São Pedro. A mãe de Jalisco da Gap São Pedro, que dois dias depois também subiria ao pódio, conquistando o tão cobiçado Freio de Ouro 2024, saiu por R$ 420 mil para a Cabanha Santa Fé, de Aceguá (RS). O próprio Jalisco também foi disponibilizado, com direito de uso de cinco coberturas anuais comercializado por R$ 110 mil, para José Cassarino e José Ignacio Platero, do Uruguai. “Um dos sentidos da Gap é esse, sempre procuramos vender e compartilhar com o mercado o que temos de melhor”, resumiu, aos 94 anos, Eduardo Macedo Linhares, o patriarca da Gap São Pedro, de Uruguaiana (RS).

Sob o comando do martelo de Arthur Freitas, pela Macedo Leilões, o Emoções registrou o maior faturamento entre os remates da raça Crioula na Expointer, totalizando R$ 5,4 milhões. A média geral ficou em R$ 200 mil por lote comercializado. “Foi uma noite memorável, e os resultados das cabanhas refletiram no sucesso das vendas”, avaliou Freitas. “O mercado sorriu e retribuiu a tanta qualidade”, completou Santiago Macedo, titular da leiloeira.

 

Colaboração: Estela Facchin

 

Clube do Hipismo é uma publicação focada em esportes equestres e no mundo do cavalo.
Foi criado em 2007 por pura diversão, mas se tornou uma paixão para seus fundadores.

Views: 20