Nesse domingo, 29/10, o Time Brasil de Concurso Completo – considerado um triatlo equestre com provas de adestramento, cross-country e salto – conquistou a medalha de bronze por equipes e a vaga em Paris 2024. Os EUA, anteriormente qualificados para Jogos Olímpicos, foram prata e o Canadá, ouro, também carimbando o passaporte para Paris 2024. Enquanto o brasileiro Marcio Jorge Carvalho com Castle Howard Casanova garantiu a inédita prata individual.
A 3ª e decisiva rodada do salto, com armação da course-designer brasileira Marina Azevedo, começou com Ruy Fonseca e Ballpatrick SRS que zeraram o percurso fechando com apenas 0,4 pontos perdidos (pp), resultado importante na contagem da equipe, totalizando 56,7 pp no campeonato que viria a lhe garantir o 12º posto individual. Depois foi a vez de Rafael Losano que montando Withington cometeu dois derrubes, garantido a 9ª colocação geral, 44,9 pp. A seguir Carlos Parro, o Cacá, montando Safira, acabou perdendo 16 pontos (4 derrubes), fechando com 50 pp, em 11º lugar.
Em seguida todas as atenções se voltaram para Marcio Jorge e seu Castle Howard Casanova, que haviam virado em 4º rumo à final e com percurso limpo e apenas 0,8 pp por excesso tempo assumiu a liderança parcial da competição -32,2 pp. Foi superado somente com a entrada do último conjunto, a norte-americana Caroline Pamukcu apresentando HSK Blake que estava na liderança da competição e cometeu uma falta, totalizando 30,8 pp, conquistando a medalha de ouro.
Marcio Carvalho Jorge e seu Castle Howard Casa Nova, medalhista de prata individual, chegaram perto do topo do pódio pela diferença de apenas 1,4 pp. Ao mesmo tempo, com a medalha de bronze por equipes, o Time Brasil cumpriu seu objetivo da qualificação olímpica.
Ao passo que o Canadá que vinha em 3º após a 2ª qualificativa garantiu ouro por equipes, o bronze individual e ao lado do Brasil a vaga olímpica. Os EUA, vice-campeões mundiais 2022, já tinham vaga garantida nos Jogos Olímpicos. A diferença entre os medalhistas de ouro e prata por equipes foi de apenas 0,1 pp. Canadá, ouro, 115,6 pp, EUA, prata, 115,7 pp e Brasil, bronze, 127,1 pp.
Medalhistas brasileiros com a palavra
Marcio Jorge, 48, não poderia estar mais satisfeito. “A competição inteira foi super legal. Eu estou muito muito feliz com tudo. Meu cavalo Howard se comportou super bem desde o primeiro dia. Fizemos um bom adestramento, estou muito feliz com ele. Fomos super bem no cross e no salto ele mais uma vez confirmou ser um bom saltador, sempre cuidadoso”, destacou Marcio, que conquistou a primeira prata individual do Brasil em Jogos Pan-americanos. O vice-campeão pan-americano também falou da pressão durante o evento. “Lógico que antes sempre tem a pressão e no final um pouco maior. Chegamos perto do ouro. O Rodrigo (Pessoa) tava ali perto e falou “vai dar” (rs)”, contou Marcio, agora prata individual e bronze por equipes em Santiago 2023, prata por equipes no Pan de Toronto 2015, bronze por equipes no Pan de Guadalajara 2011.
Para Rafael Losano, 26, a missão também foi cumprida. “Foi um espetáculo, qualificar para Paris era nossa primeira missão, infelizmente perdemos a prata, uma coisa de prova que acontece. Mas os nossos quatro cavalos estão com muita saúde e prontos para trabalhar para o ano que vem”, pontou o ginete, agora bronze por equipes em Santiago 2023 e prata em Lima 2019. A exemplo dos quatro titulares, Rafael está radicado na Inglaterra.
Ruy, 50, também se mostrou satisfeito. “Estou muito contente. Ter um bom cavalo nessa fase, é sempre bom fazer um zero e ajudar a equipe. Alcançamos nosso objetivo e agora já vamos trabalhar para Paris”, disse Ruyzinho, bronze por equipes no Pan 2023, bronze (individual) e prata (equipe) no Pan de Toronto 2015, bronze (equipe) no Pan de Guadalajara 2011, ouro (equipe) no Pan de Mar Del Plata 1995.
Para Cacá Parro, 44, “o objetivo era conseguir a vaga em Paris e foi cumprido”. O cavaleiro agora bronze por equipes no Pan 2023, também foi prata (equipe) e bronze (individual) no Pan de Lima 2019, prata (equipe) no Pan de Toronto 2015, bronze (equipe) no Pan do Rio 2007.
Finalmente para o reserva major Vinicius Albano Almeida Leal, 43, que veio ao Pan com Texas do Rincão, a estreia em Pan-americano foi muito proveitosa. “Estou muito feliz, parabéns aos integrantes da equipe. Sou muito grato por tudo que está acontecendo comigo, por estar em meu primeiro Pan, aprendi muito com os meus companheiros e outros cavaleiros. Estou muito satisfeito, agradeço ao exército brasileiro por ter me liberado.”
Julie Purgly, chefe de equipe, que liderou o Time Brasil ao lado do técnico o britânico William Fox-Pitt, só tinha motivos para comemorar. “Que benção, chegamos, conseguimos a vaga em Paris. Acho que viemos para esse Pan bem mais confiantes. Dessa vez, tivemos um apoio muito diferenciado dos proprietários dos cavalos, o que para o nosso esporte é muito importante e os meninos vieram bem preparados, bem montados. A gente estava muito confiante com relação a Paris, já estava certo (rs..)”, disse Julie, que também falou sobre o desempenho do medalhista de prata Marcio Jorge.
“O esporte é isso, se tivesse acontecido o ouro também seria muito merecido, porque o cavalo do Marcio é espetacular, ainda jovem e com muito talento. Acredito que os nossos cavaleiros estarão na melhor forma em Paris”, disse Julie, já de olho nos Jogos.
“Visamos manter o contrato com nosso técnico o britânico William Fox Pitt e também o Guto de Faria que junto com a Confederação Brasileira de Hipismo está fazendo um trabalho magnífico nas categorias de base no Brasil. Com o William já temos uma programação de prova para o ano que vem. Eu acho que os meninos terão ainda mais opções de cavalos em mãos e teremos mais opções de seleção.”
Histórico brasileiro na competição
A primeira medalha por euqipes foi o memorável ouro em 1995 em Mar del Plata, Argentina. Três medalhas de prata foram conquistadas em Winnipeg 1999, Toronto 2015 e Lima 2019 e os quatro bronzes em 2003 em Fair Hill/EUA (palco das provas de Hipismo no Pan de Santo Domingo), no Rio 2007, Guadalajara 2011 e agora Santiago 2023.
Das quatro medalhas individuais, uma foi a prata de Márcio Carvalho Jorge nos Jogos de Santiago 2023, e os três bronzes de André Giovanini em Mar del Plata 1995, Ruy Fonseca em Toronto 2015, e Carlos Parro em Lima 2019.
Santiago 2023
Pódio dos equipes
Ouro Canadá – 115,6 pp
Prata EUA – 115,7 pp
Bronze Brasil – 127,1 pp
Pódio individual
Ouro Caroline Pamukcu / HSK Blake – EUA – 30,8 pp
Prata Marcio Carvalho Jorge / Castle Howard Casanova – BRA – 32,2 pp
Bronze Lindsay Traisnel / Bacyrouge – CAN – 34,2 pp
9º Rafael Mamprim Losano / Withington – BRA – 74,39 pp
11º Carlos Parro / Safira – BRA -74,88 pp
12º Ruy Fonseca / Ballypatrick SRS – BRA – 76,88 pp
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