A qualidade do cavalo Brasileiro de Hipismo (BH) pode ser equiparada aos melhores criatórios do mundo, em boa parte graças a técnicas como inseminação artificial (IA) e/ou transferência de embrião. Esse também é o caso da égua Miss Blue Mystic Rose (IA), uma filha do consagrado garanhão Chacco Blue em Magnolia Mystic Rose, nascida no Haras Rosa Mystica no interior paulista em 9/9/2003, que está em ascensão no circuito top europeu na condução do cavaleiro olímpico Yuri Mansur.
Uma linhagem que faz a diferença: Chacco-Blue é progenitor de mais de 36 filhos licenciados e 260 saltadores de nível avançado que renderam mais de dois milhões de euros. Magnólia Mystic Rose, filha de Zirocco Blue VDL, bastante conhecida por sua trajetória em pistas internacionais, nascida no Haras Rosa Mystica e hoje com 13 anos, foi inseminada e gerou Miss Blue quando tinha três a quatro anos.
Em leilão promovido pelo Haras Rosa Mystica, Miss Blue Mystic Rose, então com apenas 1 ano e meio, foi adquirida por Thalita Gorri. Sua doma coube ao talentoso ginete Franco Zecchin e, em 2021, cavaleiro top Guilherme Foroni colheu ótimos resultados com Miss Blue, então com 8 anos.
Foi quando apostando no potencial e qualidades técnicas de Miss Blue Mystic Rose, sua proprietária embarcou a égua com destino à Europa, uma jornada que durou cerca de seis meses, dado às barreiras sanitárias entre o Brasil e a Europa.
“Monto a Miss Blue Mystic Rose desde de maio de 2022: foi meu presente de aniversário. A viagem foi longa, pois ela teve que sair do Brasil, ir para os EUA, onde ficou um bom tempo”, conta Yuri Mansur, atual nº 65, segundo melhor brasileiro no ranking mundial.
Entre julho e dezembro de 2022, Yuri e Miss Blue Mystic Rose largaram em 22 provas, começando a 1.30 metro até 1.45m, sempre com bom desempenho. Agora em janeiro de 2023, competindo no CSI-W5* de Basel na Suíça, a dupla emplacou em 3º e 4º lugar a 1.45m meio a elite do hipismo mundial.
“A Miss é impressionante, pelos resultados que vem fazendo – mesmo nas alturas de 1.30 a 1.40m – considerando sua condição física devido ao período de seis meses de viagem. Então eu acho que qualquer resultado é muito expressivo. Tenho plena convicção que ela é o meu cavalo para a próxima Olimpíada em Paris. Obviamente, espero contar com o QH Alfons Santo Antonio e Vitiki como opções, mas se tudo seguir o caminho normal acho que estará pronta para disputar a Olimpíada. O tempo é apertado, ela é pouco experiente e completa 10 anos no final do ano, então pela idade dos cavalos europeus tem 9 anos. Realmente precisar dar tudo certo no caminho de evolução dela. Mas esse é o plano”, destaca Yuri.
“Até agora a Miss Blue ainda não ganhou uma prova importante, mas em praticamente todo concurso ela classifica em uma ou duas provas, superando as etapas de evolução com uma velocidade e generosidade muito grande”, complementa o cavaleiro. “A ideia não é vendê-la. Eu e os proprietários, a Thalita Gorri e o marido dela, temos a convicção que se trata de um cavalo muito importante a nível mundial. Então nosso objetivo realmente é fazer uma carreira perfeita. Que ela ganhe o máximo de provas, que vá às Olimpíadas, ao Mundial e a gente realmente consiga estar no topo do esporte. A também gente acredita muito que em um futuro próximo – quando ela já tiver conquistando esses objetivos maiores de uma forma bem organizada – que, em paralelo ao esporte, possamos utilizá-la na parte da criação com essas técnicas modernas de transferência de embrião. Hoje em dia, cada égua pode fazer pode não render tanto dinheiro como um garanhão, mas gerar uma renda financeira importante também.”
O caminho – Como concursista, integrante do Time Brasil em Olimpíadas, Mundiais e Copas do Mundo, e especialista na formação de cavalos, Yuri apontou os principais pontos a serem considerados para evolução de um cavalo novo. “Primeiramente, acho que o adestramento, a base do trabalho de plano, é muito importante, sempre de olho no desenvolvimento físico. Por exemplo, a Miss tinha um problema de ferrageamento e a gente conseguiu acertar muito essa parte dos aprumos. É preciso entender o corpo do cavalo, trabalhar em cima das fraquezas e talentos que o todo cavalo tem e sentir o que o cavalo está te dizendo para então focar na próxima etapa. E, ao contrário do que muitos pensam, penso que, sem exageros, é importante que o cavalo esteja apto e rápido nas provas desde o início.”
Metas – Finalmente, Yuri – que ao longo de sua carreira integrou as equipes do Brasil nas históricas vitórias na Copa das Nações de La Baule 2018 e Hickstead 2017, vitórias e conquistas em GPs 5* como o recente vice-campeonato no GP Rolex 2022 em La Baule, tem como meta terminar o ano de 2023 próximo ao ranking top 10 do mundo. “Eu acho que tenho um grupo de cavalos jovens, mas muito talentoso. O Vitiki está saltando em sua melhor forma na carreira e torço muito para que QH Alfons do Santo Antonio (com o qual garantiu o melhor resultado do Time Brasi em Toquio 2020+1) volte rapidamente às competições. Se isso acontecer acho que teremos um ano muito promissor”, pontua o cavaleiro de 44 anos, radicado na Europa há cerca de 10 anos.
“Quanto à Miss Blue Mystic Rose vou ouvir o que ela “vem dizendo”. Não acredito que hoje ela esteja em uma lista entre os 10 cavalos para o Pan-americano no Chile, mas vem evoluindo muito rápido, a gente nunca sabe o que vai acontecer com um cavalo. Apesar de ter muito pouco tempo até o Pan, também ainda é um período muito longo. O plano inicial é que o Vitiki vá para o Pan e que eu use esse ano para dar experiência, conhecer a Miss e prepará-la para 2024, que realmente é o ano em que exigência será gigante.”
Colaboração: Carola May
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