Luciana Diniz, amazona de cinco Olimpíadas, volta a defender o Brasil

Luciana Diniz com Vertigo du Desert top 10 nos Jogos Olímpicos de Tokyo 2020 (Luis Ruas)

Após 16 anos sem competir pelo Brasil, desde 2006, quando passou a defender Portugal, terra de seus avós, a amazona olímpica paulista Luciana Diniz, 51, integrante da tropa de elite do hipismo mundial, anunciou na segunda-feira, 18/7, a volta às competições pelas cores do Brasil. “Meu retorno tem motivações pessoais, familiares e profissionais. Diria que as de cunho pessoal são as mais fortes, um sentimento de voltar para casa”, destaca Luciana.

A tradição, o amor pelos cavalos e esportes estão no DNA da família Diniz. Lica Diniz, mãe de Luciana, foi oito vezes campeã brasileira de adestramento, seu pai Arnaldo dos Santos Diniz, jogador de polo, modalidade também praticada em alto nível por dois de seus irmãos: André e Fábio e Pedro Diniz, ex-piloto de Fórmula 1. Aos 18 anos, Luciana, que começou a montar aos 9 anos e iniciou sua carreira bem a Sociedade Hípica Paulista, se mudou para Bélgica à época para treinar com Nelson Pessoa Filho, o Neco, um dos principais treinadores do hipismo mundial.

A carreira deslanchou. Em 1994, Luciana disputou seu primeiro Mundial, na Holanda, em 2004 integrou o Time Brasil, 9º colocado em Jogos Olímpicos de Atenas. “Saltar uma Olimpíada pelo Brasil foi a realização de um sonho”, lembra Luciana. Em 2006, Luciana passou a defender Portugal. Desde então foram cinco Jogos Olímpicos. Na Rio 2016, Luciana foi 9ª colocada com Fit for Fun, em Tokyo 2020+1, Luciana com Vertigo du Desert “bateu na trave” na disputa por uma medalha fechando em 10º lugar com apenas uma falta no penúltimo obstáculo na grande final.

Luciana Diniz com Vertigo du Desert top 10 nos Jogos Olímpicos de Tokyo 2020 (Luis Ruas)
Luciana Diniz com Vertigo du Desert top 10 nos Jogos Olímpicos de Tokyo 2020 (Luis Ruas)

“Sofri uma queda apenas dois meses antes dos Jogos Olímpicos. O Andreas, meu ex-marido, pai dos meus filhos e treinador estava montando o Vertigo. Pude ficar cinco semanas sem montar às vésperas do Jogos e meus cavalos estavam em plena forma”, lembra Luciana, que segue treinando em Centro de Treinamento de Andreas Knippling, em Hennef, na Alemanha. “Agora estamos nos preparando com vistas a Paris, estou vivendo esse sonho de saltar pelo Brasil na Olimpíada da França”.

Sobre a falta que lhe tirou as chances de medalha em Tóquio, Luciana destaca: “é um dos grandes ensinamentos do esporte. Cair sete vezes e se levantar oito. Os tombos, os “up and downs” fazem parte do esporte e da vida. O importante é perseguir seus sonhos. De maneira estratégica e equilibrada.”

Pelas cores de Portugal, a partir de 2007, Luciana venceu e se classificou em inúmeros GPs5*. Em 2015, a amazona com sua égua Fit For Fun foi campeã da classificação geral do Global Champions Tour, com vitória nos GPs de Madrid, Viena e Doha, entre outras classificações. “Vencer o GCT 2015 com Fittty sem dúvida foi uma das minhas conquistas mais marcantes”, revela Luciana.Recentemente, no domingo, 3/7, no CHIO Aachen 2022, meca do hipismo mundial na Alemanha, Luciana aposentou oficialmente sua égua Fit fo Fun, também duas vezes vice-campeã no GP Rolex de Aachen.

Metodologia

Ao longo dos anos, Luciana desenvolveu seu método Butterfly (Borboleta) que aprimora não somente o cavaleiro e cavalos, como também o desenvolvimento e equilíbrio pessoal. “Trata-se de uma visão holística sobre o esporte. Um método que considera os aspectos que influenciam no seu desempenho, desde o emocional, o físico, o técnico, etc. E este aprendizado pode e deve ser aplicado na sua vida profissional e pessoal: “a better person and a better rider” – uma pessoa melhor e um cavaleiro/amazona melhor.

A preparação física, especialmente, após a queda antes dos Jogos Olímpicos é parte da rotina de Luciana. “Faço um acompanhamento com pilates, fitness, exercícios myoflex, trabalho de toda forma para fortalecer um problema que foi fruto de uma queda. Estou ótima e aprendi a viver com uma artrose crônica e tenho que tomar sempre bons cuidados como aprender a cair com ajuda de aulas de judô e outras.

Luciana também comentou o desafio de competir em alto nível. “Espero ser uma motivação para as jovens amazonas. O hipismo é singularíssimo neste aspecto de que homens e mulheres de diferentes idades competem em igualdade. É fantástico. Chegar ao nível internacional é difícil independente do gênero, embora o meio seja machista, como em tudo”, enfatiza a amazona.

Próximos objetivos

Finalmente, Luciana também destacou a receptividade da Confederação Brasileira pela sua volta. “Fui recebida de braços abertos, o que me deixou muito feliz e ainda mais entusiasmada. O Fefo, (Fernando Sperb, presidente da CBH), disse que sempre foi meu fã e que seu sonho seria me trazer de volta. Fiquei muito feliz ao escutar isso. O Pedro Paulo Lacerda, chefe de equipe, também foi sempre fiel e há anos tenta me persuadir a voltar. Tudo tem a hora certa. O Pan-americano no Chile e Olimpíadas de Paris são meus próximos objetivos”, enfatiza Luciana.

Colaboração Carola May

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