Retrospectiva olímpica | Fatos e feitos do Brasil na modalidade Salto de 1948 a 2016

A primeira participação olímpica do hipismo brasileiro foi em Londres 1948 (A História do Hipismo Brasileiro)

Com duas medalhas de bronze por equipes e um ouro individual em Jogos Olímpicos, entre outras importantes classificações, o Time Brasil de Salto está sempre entre os candidatos a medalhas.

Faltando 100 dias para os Jogos Olímpico, o hipismo entra na reta final de preparação e seleção de seus representantes. E, sem dúvida, os resultados do Time Brasil de Salto em Jogos Olímpicos são de maior expressão dentre as três modalidades olímpicas do hipismo com duas medalhas de bronze por equipes em Atlanta 1996 e Sydney 2000, além do ouro individual de Rodrigo Pessoa em Atenas 2004.

Mas o Brasil teve bom desempenho em diversas outras edições dos Jogos disputando medalhas de igual para igual com as melhores equipes e cavaleiros do mundo. Destaque, por exemplo, para o 4º lugar individual do cavaleiro militar Eloy Menezes, em Helsinque 1952, resultado esse que somente veio a ser igualado por André Johannpeter em Sydney 2000.

Vale lembrar que o hipismo é o único esporte olímpico em que homens e mulheres competem em condições de igualdade e o melhor resultado de uma amazona brasileira na história dos Jogos cabe a Camila Benedicto, 9ª colocada em Pequim 2008.

A modalidade Salto nos Jogos Olímpicos de Tóquio está agendada entre 3 e 7 de agosto. A partir desse ano, as equipes do hipismo serão formadas por apenas três conjuntos (ao invés de quatro) que concorrem ao pódio por equipes e individual.

Confira o retrospecto da participação brasileira nos Jogos desde a estreia em Londres 1948 até a Rio 2016.


1948
Londres – Inglaterra

Foi a primeira Olimpíada em que o Brasil participou. Formada somente por militares, a delegação foi chefiada pelo general Edgar Amaral e contou com o tenente-Cel. Franco Pontes montando Itaguaí, e os capitães Rubem Contentino com Bom Soir, Eloy Menezes montando Sabu e tenente Renyldo Pedro Guimarães Ferreira. O transporte dos cavalos para a Inglaterra foi feito por um navio do Lloyd Brasileiro e a viagem durou 32 dias.


A prova das Nações teve como palco o tradicional e famoso estádio de Wembley e o time brasileiro sofreu algumas alterações com a troca improvisada de cavaleiros: Morrot, que havia sido selecionado para competir na prova de Salto foi escalado na última hora para disputar o Concurso Completo de Equitação, montando Guapo, de Eloy, que por sua vez ficou no time reserva de Salto. No final dos Jogos a melhor colocação do Brasil foi o 10º lugar de Franco Pontes com Itaguaí.

1952
Helsinque – Finlândia

Com equipe formada por Eloy Menezes com Biguá, Álvaro de Toledo montando Eldorado e Renyldo Ferreira apresentando Bibelot o Brasil registrou um ótimo resultado: 4º lugar no Individual com Eloy com Biguá, além da importante 4ª colocação por equipe. Nos dois momentos, o Brasil esteve perto, muito perto da medalha olímpica. Eloy participou do desempate pelo ouro com outros quatro cavaleiros. Uma falta leve de Biguá afastou Eloy do sonho da medalha. Mesmo assim, a 4ª colocação individual, o então melhor resultado individual conquistado por um brasileiro em Olimpíadas, somente viria a ser superado em 2000.


Eloy Menezes com Biguá: 4º colocado em Helsinque 1952, excelente classificação individual que só veio a ser igualada por André Johannpeter em Sydney 2000

1956
Estocolmo – Suécia

Pela primeira vez os animais foram transportados de avião. Atrasos no embarque e a chegada em cima da hora acabaram prejudicando a preparação da equipe para a competição. A equipe foi formada pelos militares Eloy Menezes e Renyldo Ferreira e por dois cavaleiros civis: Pedro Lopes Corvello e Nelson Pessoa Filho, o Neco. Era a primeira Olimpíada de Neco, que se tornaria um dos maiores cavaleiros do mundo. O Brasil acabou em 10º por equipes.


1960
Roma – Itália

A equipe formada por Francisco Rabelo montando Sultão, Oscar Sotero com Cerrito, Cel. Renyldo Ferreira com Marengo e na reserva Fernando Monzon não teve bom desempenho.

1964
Tokyo – Japão

Em função do alto custo da viagem, o Brasil enviou apenas Nelson Pessoa Filho com Huipil que viajou com a equipe francesa. Depois de uma apresentação muito boa no primeiro percurso, Neco sofreu uma queda na distensão para o segundo percurso. Mesmo saltando com fortes dores, o cavaleiro carioca reduziu de 12 para 8 pontos perdidos o seu segundo percurso e terminou empatado em 5º lugar.


1968
Cidade do México – México

A equipe foi formada por Nelson Pessoa com Pass Opp, Lúcia Faria montando Rush du Camp, José Roberto Reynoso Fernandez, o Alfinete, com Cantal e Gérson Monteiro montando Polder. Na competição por equipes, o Brasil obteve a 7ª colocação. Na disputa individual, Lúcia Faria, em magnífica apresentação com Rush du Camp, terminou em 12º lugar. Foi o melhor resultado entre os competidores do continente americano.

1972
Munique – Alemanha

Foram dois os representantes do Brasil: Antonio Alegria Simões com Bonsoir e Nelson Pessoa Filho que montou Nagir que terminaram, respectivamente, na 32ª e 39ª colocação após a primeira prova individual. A dupla ficou de fora da final por equipes e individual.

1980
Moscou – Rússia

O boicote aos Jogos levou apenas cinco países a participar com equipes completas, além de dois competidores na disputa individual. Competiram apenas países sem tradição olímpica. O Brasil não foi representado, apesar de todos os esforços para enviar Elizabeth Assaf e Jorge Carneiro, que estavam na Europa e haviam alcançado ótimos resultados em Roma e Lucerne.

1984
Los Angeles – Estados Unidos

Pela primeira vez um cavalo de criação nacional marca presença nas Olimpíadas. O Brasileiro de Hipismo MC Alpes foi montaria de Marcelo Blessmann que competiu na equipe formada por Jorge Carneiro com Testarudo, Caio Sérgio de Carvalho montando MC El Virtuoso e Vitor Teixeira apresentando Natural. Na prova de adaptação, realizada três dias antes com 93 conjuntos, Jorge Carneiro com Aramis foi um dos vencedores, sem faltas, empatado com outros cavaleiros. Na classificação geral, após as duas passagens, a equipe ficou em 10º lugar. Jorge Carneiro com Testarudo, totalizando 21,25 pontos, teve o melhor desempenho e foi o conjunto sul-americano de maior destaque nas disputas por equipes e individual.

1988
Seul – Coréia do Sul

Antes mesmo do início dos Jogos o Brasil sofreu baixas. Lassal, cavalo de Neco Pessoa morreu em consequência de uma cólica e a égua Wendy, montaria de Carlos Vinícius da Motta não embarcou em razão de uma forte cólica no dia da viagem. Estas duas ausências prejudicaram o o grupo. O time formado por Cristina Johannpeter montando Societé, Vitor Alves Teixeira com Going, Paulo Stewart montando Platon e André Johannpeter com Heartbreaker conquistou a 8ª colocação.

1992
Barcelona – Espanha

Nelson Pessoa, o Neco, competiu ao lado do filho Rodrigo que à época, aos 19 anos, entrou para a história como o mais jovem cavaleiro em Olimpíadas. A equipe formada pelos conjuntos: Neco Pessoa com Vivaldi, Rodrigo Pessoa montando Special Envoy, Carlos Vinícius da Motta e Wendy e Vitor Alves Teixeira com Attack Z terminou em 10º lugar.


1996
Atlanta – Estados Unidos

O sonho da medalha olímpica finalmente se concretizou com a conquista do bronze por equipes, com Rodrigo Pessoa montando Tom Boy, Álvaro Affonso de Miranda Neto, o Doda, montando Aspen, André Johannpeter e Calei Joter e Felipe de Azevedo montando Cassiana Joter. O país ficou atrás apenas das equipes dos Estados Unidos, prata, e da Alemanha, ouro. Doda, após desempate pelas medalhas de prata e bronze, fechou em 7º lugar no individual.

Os Jogos de Atlanta foram históricos também para a criação nacional com a participação de quatro animais – Calei, Cassiana e Adelfus Joter (pela equipe Suíça) – de criação de Jorge Gerdau Johannpeter, do Haras Joter, do Rio Grande do Sul, e Arisco Aspen, criação do Haras Campos Salles, em São Paulo.

2000
Sydney – Austrália

O Brasil conquistou sua segunda medalha de bronze por equipe em um emocionante desempate com a França. O time brasileiro era composto por Rodrigo Pessoa com Baloubet du Rouet, Luiz Felipe de Azevedo montando Ralph, Álvaro Affonso de Miranda Neto, o Doda, com Aspen e André Johannpeter montando Calei Joter.

Na disputa individual entrou para a história o refugo de Baloubet e a desclassificação de Rodrigo Pessoa que vinha na liderança com chances de conquistar o ouro. Rodrigo só precisava zerar o percurso e se derrubasse um obstáculo iria para o desempate. E aí o que parecia impossível aconteceu: Rodrigo e Baloubet fizeram a falta no número 1 – teoricamente o obstáculo mais fácil – teriam que seguir sem derrubar mais nenhum. No triplo, Baloubet fez um esforço muito grande e, ao encarar o duplo, refugou por duas vezes, levando à eliminação do conjunto. Outro fator desfavorável foi uma forte ventania durante a prova. André Johannpeter também ficou perto do pódio conquistando o 4º lugar – igualando seu feito ao do General Eloy Menezes, em 1952 – ambos até então com a melhor classificação individual na história.

2004
Atenas – Grécia

Enfim o Brasil é ouro na disputa individual. Depois da eliminação nos Jogos de Sidney, Rodrigo Pessoa e Baloubet du Rouet deram a volta por cima e conquistaram o resultado histórico para o país: a primeira medalha olímpica individual no hipismo.

Rodrigo saiu de Atenas ostentando a prata, o ouro veio um ano depois quando se comprovou o doping do cavalo Waterford Cristal, montaria de Cian O’Connor, da Irlanda. A entrega da medalha de ouro foi feita em cerimônia no Forte de Copacabana no Rio de Janeiro. A equipe ficou em 10º lugar e além de Rodrigo com Baloubet foi composta por Bernardo Alves com Canturo, Álvaro Affonso de Miranda Neto, o Doda, com Countdown 23 e Luciana Diniz montando Mariachi.

2008
Pequim – China

Em Pequim 2008 o hipismo foi disputado em Hong Kong. Rodrigo Pessoa com Rufus, Bernardo Alves montando Chupa Chup 2, Pedro Veniss com Un Blanc des Bancs e Camila Mazza de Benedicto e Bonito Z formaram a equipe 10ª colocada e que não pode contar com Álvaro Affonso de Miranda Neto, o Doda, que desistiu de competir em razão da lesão em sua égua Picolien Zeldenrust. Uma queda de Pedro Veniss na 1ª passagem da Copa das Nações e a eliminação por substância proibida na montaria de Bernardo Alves, levaram o Brasil a ter apenas dois competidores na disputa Individual. Rodrigo Pessoa acabou em 5º e Camila em 10º. Posteriormente, no entanto, um exame acusou em Rufus a mesma substância encontrada em Chupa Chup 2, levando Rodrigo a perder a classificação e à subida de Camila para o 9º lugar – até hoje o melhor resultado de uma amazona brasileira nos Jogos.


2012
Londres – Inglaterra

O time brasileiro finaliza os Jogos na 8ª colocação, sem poder contar com um de seus integrantes, Carlos Motta Ribas, o Cacá, cujo animal Wilexo não pôde saltar no segundo dia. Já Maestro St Lois, montada do também estreante José Roberto Reynoso Fernandez Filho, perde uma ferradura minutos antes de entrar em pista e acabou cometendo diversas faltas que o deixaram fora da final individual. Os outros dois membros, Alvaro Affonso de Miranda Neto, o Doda, com Rahmannshof´s Bogeno, e Rodrigo Pessoa montando HH Rebozo, classificam-se para a final individual. Rebozo, que volta de uma lesão, cansa ao final da competição deixando Rodrigo na 22ª posição e Doda é o melhor colocado brasileiro com o 12º lugar, empatado com o paulista Cassio Rivetti, que defendeu a Ucrania, e outros três cavaleiros.

2016
Rio de Janeiro – Brasil

A expectativa com os Jogos em casa era grande, mas após a desqualificação do conjunto Stephan Barcha e Landpeter do Feroleto – primeiro animal Brasileiro de Hipismo a participar de uma Olimpíada em 20 anos – por um pequeno corte causado pela espora, o time brasileiro não pôde mais contar com o descarte do pior resultado. Chegando à final sem pontos perdidos, Doda Miranda com Cornetto K, Pedro Veniss e Quabri De L´Isle e Eduardo Menezes montando Quintol cometeram uma falta cada e mais um ponto por excesso de tempo de Pedro, somando 13 pontos perdidos, fechando na 5ª colocação geral.

Os três conjuntos seguiram para a final individual. Com um percurso sem faltas, Doda Miranda e Cornetto K terminam na 9ª classificação. Pedro perde um ponto por excesso e termina em 16º lugar, ao passo que Eduardo comete duas faltas e não se classifica para a última rodada. Os percursos foram armados pelo course-designer brasileiro Guilherme Nogueira Jorge.

 

CBH com as fontes: A História do Hipismo Brasileiro por Coronel Renyldo Ferreira, Revista Hippus, Country Press, O salto da minha vida por Antonio Alegria Simões e Revista SHP ; imgs: via A História do Hipismo Brasileiro / MD10 Editora Marcio Thompson Ferreira, site Beijing 2008, COB Wagner Roberto e Washington Alves

Colaboração: Carola May 

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